domingo, 10 de junho de 2018

La Traviata

Violeta é uma jovem feliz e desempoeirada que faz grandes festas em casa e tem um Barão que lhe paga as contas. Só quer ser livre e divertir-se. Um dia cai na cantiga de um poeta que lhe promete amor eterno. Então desenvolve um estranho sentido moral e começa a fazer coisas sem nexo como pagar as contas do poeta e acreditar que lhe é inferior. No instante em que acredita que um dia foi uma mulher perdida, perde-se. O poeta humilha-a publicamente e vai para o estrangeiro e Violeta deita-se numa cama para morrer. 
Antes, para que a ninguém falte a redenção, Alfredo regressa e Violeta perdoa-lhe.
Quando ambos gritam “nem homem, nem diabo, meu anjo, vão poder voltar a separar-nos” faltam exatamente quinze dolorosos minutos para Violeta morrer. Se se perderem na contagem, podem contar cinco segundos depois de Violeta dizer “desapareceram os espasmos da dor. Em mim renasce, agita-se um vigor insólito! Mas... eu regresso à vida!! Oh alegria!”.
Não sabemos se o poeta cumpre a promessa do amor eterno, aquele que suplanta a morte, mas posso garantir-vos que há um instante em que tememos que nos obriguem a ficar lá para ver.

Há quanto tempo é nenhum dos responsáveis pelo Teatro Nacional de São Carlos fica três horas e vinte minutos sentado naquelas cadeiras?

4 comentários:

  1. já me aconteceu... mas foram só uns minutos aos solavancos.

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  2. Desta vez fiquei na plateia, onde as cadeiras ainda têm melhor estofo. Mesmo assim, os dois intervalos de vinte minutos foram bem-vindos para dar descanso ao rabo.
    Quase dá vontade de iniciar uma recolha de fundos para a renovação urgente do teatro.
    Mas verdadeiramente importante: foi soberbo, não achaste?

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    1. As primeiras duas horas foram soberbas. Depois disso o sofrimento físico falou mais alto do que a música. :)

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