Mas evitai os homens preocupados com a elegância e a beleza
e que têm o cabelo bem penteado;
o que vos dizem a vós, disseram-no já a mil mulheres;
vai deambulando e não se fixa em sítio algum o seu amor.
Que há de fazer uma mulher, quando o homem é mais instável do que ela
e pode, até, possuir, quem sabe, mais homens?
Custa-vos acreditar, mas acreditai: Tróia ter-se-ia aguentado,
se tivesse posto em prática os preceitos de Príamo.
Há os que avançam a coberto de uma espécie enganosa de amor
e, por tais caminhos, são ganhos indecentes que buscam.
E não vos iluda a cabeleira a brilhar, resplandecente, de perfume de nardo,
nem a pinça elegante a apertar as pregas da roupa,
nem vos engane a toga de um tecido finíssimo, nem os anéis,
por mais e mais que tenha nos dedos.
Talvez o mais elegante de entre todos eles
seja um ladrão e esteja a arder por amor do que trazes vestido.
“Devolve o que é meu!”, gritam, muitas vezes, depois de roubadas,
as mulheres; (...)
Ovídio, A Arte de Amar, Livros Cotovia
No século I ac, assim como hoje.
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