sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

meias

As botas eram novas e tingiram-me as meias. 
A condição humana é de uma fragilidade insuportável. 
Não interessam os poemas que sabemos com o coração, os livros que lemos ou as músicas que conhecemos ao terceiro acorde, quando se está dentro de uma máquina, numa sala gelada e tudo o que reconhecemos como próprio é um par de meias tingidas que nos rouba a última réstia de dignidade.
Felizmente, tendemos a esquecer-nos disso. 

7 comentários:

  1. excuse me:
    eu não tendo a. Irrita-me demasiado a falta de qualidade. Sempre irritou.

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    1. O esquecimento liberta, grande Alexandra. Não te esqueças. :)

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    2. não esqueci :)
      não leves tudo tão à letra, mas isto do conforto enerva-me, habito num local de extremos: o frio da Estrela + o calor da Meseta, é natural que certos incómodos comecem a ser ais do que isso mesmo: incómodos :)

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  2. Eu não sei se é tanto assim. Tenho a vida cheia de buracos vazios.

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  3. É preciso saber esquecer por temporadas inteiras, Ana. Se forem só alguns episódios fica esquisito, esburacado...
    :)

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