terça-feira, 20 de março de 2018

raízes

Passei incontáveis minutos a observar o processo de crescimento das raízes no vaso de vidro da planta suspensa em água. A resiliência é o meu milagre preferido. Se fecharmos os olhos e o dia não tiver sido péssimo e tiver feito um pouco de sol e alguém nos tiver oferecido uma música nova ou se tivermos encontrado uma metáfora aceitável num poema, ou num cartaz publicitário, ou mesmo entre duas pedras junto ao rio, se o dia não tiver sido péssimo e fecharmos o olhos, dizia, podemos acreditar na resiliência, essa, que a natureza jura que, estatisticamente, também há em nós.
E então saberemos que as raízes continuarão a crescer mesmo quando ninguém as observa.
E tudo estará bem.

8 comentários:

  1. os ciganos nã lançam raízes... eles tornaram-se a raiz
    (acabei de me lembrar do sonho que tive, graças a ti :)

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    1. Nesse caso deves-me um sonho. Vai lá contá-lo para pagares a dívida.

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  2. :)

    (e isto, se bem que prazeroso, esta observação cuidada, acaba por ser idêntico ao relaxamento de o não fazer, o deixar fluir; de certa forma, confiar)

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  3. "A resiliência é o meu milagre preferido."

    a Cuca, às vezes, deixa-me derreado, mas é no bom sentido.

    acredito tanto na resiliência que, sobre a vida após a morte, tenho-a como dado adquirido. não será uma puta anorética armada de foice que me vai tirar a eternidade.

    pena é essa mesma resiliência aumentar imenso uma procrastinação que se me cola à pele desde o nascimento: é o que me move para a frente que me faz não avançar.

    haja vinho, música e amores, tudo em muito.

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    1. Saber que a puta anorética virá sempre tem a utilidade de nos fazer vergar ao tempo e procrastinar um pouco mais depressa.
      Nos tempos que correm até para procrastinar em condições é preciso ser-se resiliente.
      Aceito o vinho e a música, mas pode ficar com os amores todos para si.
      Beijinho.

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