sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Operação sorriso


Nos seis ou sete minutos que demoro a chegar ao meu local de trabalho só tenho tempo de ouvir duas músicas e eu ouço sempre Puccini, pela simples razão de que não posso começar um dia de trabalho sem ouvir Puccini.
Desde que fui dispensada do drama das filas de trânsito tornei-me numa rádio-excluída. Por isso, só agora soube que houve por aí uma grande e importantíssima operação em torno da qual se terão unido as rádios portuguesas e que, segundo consta, terá culminado num igualmente grande e suponho que importantíssimo momento, às 18h00.
Não vou comentar o desperdício de energia de tal união, o despropósito da iniciativa ou o ridículo de trocar sorrisos falsos com o condutor do lado. Para isso já temos os nossos funcionários, colegas de trabalho e os empregados dos restaurantes.

Aquilo que realmente impressiona é a constatação de que as pessoas, desde que devidamente confortadas pelo apoio psicológico do efeito manada, fazem tudo, mas tudo, aquilo que lhes mandem fazer. E isso, convenhamos, é coisa que, além de justificar muitas aparentemente injustificáveis barbáries, não deve dar nenhuma vontade de sorrir.

(Noutros dias de maiores cautelas, a tarde podia ter acabado francamente mal para um rapazinho que, percebo-o agora, entusiasmado pela iniciativa, já depois da hora e enquanto eu estacionava o carro, decidiu bater-me no vidro e aproximar-se para me oferecer um sorriso rasgado).

4 comentários:

  1. No fundo, eu sou uma rapariga sensata. Por vezes duvido disso, mas depois a realidade prova-me o contrário. Avariei o rádio do carro e não me apetece pagar o conserto. Sabia que havia uma razão apra isso, mas ainda não a tinha descoberto.

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  2. A mim só me roubaram a antena. Não é suficiente.

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  3. Deve ter sido uma iniciativa patrocionada por alguma marca de pasta de dentes e isso... explica tudo.

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  4. Não me tinha ocorrido, mas é a hipótese mais inteligente.

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