sábado, 12 de fevereiro de 2011

A Caixa de Pandora


No recôndito fundo de uma cave interdita havia uma arca fechada. Poucas pessoas se lembravam da cave. Menos ainda conheciam a existência da arca. E já nenhum dos vivos poderia imaginar o seu conteúdo.
Mas o tempo corre em todo o lado e para todas as coisas. Até para as que são desconhecidas e estão fechadas dentro de arcas esquecidas nos recônditos fundos das caves interditas.
E há fenómenos físicos potenciados pelo tempo. E o conteúdo da arca desenvolveu-se no esquecimento. E tornou-se maior do que ela. E um dia a arca abriu-se no escuro. E dela se soltaram milhares de bolas de sabão que saíram pelas frestas da porta da cave e se espalharam pela casa.
E os donos da casa acordaram na estupefacção do insólito. Com bolas de sabão que lhes subiram pelos pés lhes roçaram os lábios e se alojaram nos cabelos.
E sem nenhuma vontade de destruir as bolas de sabão, deixaram-se submergir em maravilhosos pedaços circulares de arco-íris.
Até que, finalmente, o tempo deixou de correr.

Sem comentários:

Enviar um comentário