sábado, 26 de fevereiro de 2011

A primeira mulher


Pandora é a primeira mulher. Foi criada por Atena e Hefesto com a contribuição de todos os outros deuses a quem Zeus ordenou que a habilitassem, cada um, com um dom distinto.
Quando Pandora chegou à terra trazia consigo uma caixa que se destinava a servir de presente de casamento ao seu futuro marido e que continha todos os bens e virtudes do Olimpo. Movida pela curiosidade, e ignorando as instruções recebidas, Pandora decidiu abrir a tampa da caixa. Os bens e virtudes que esta continha, à excepção da talvez mais lenta esperança, escaparam da caixa aberta e, antes que a desastrada Pandora tivesse tempo de voltar a colocar a tampa, regressaram ao Olimpo.
Foi assim que a nós, na terra, nos restaram os males e a esperança.
Pandora, a primeira mulher, é uma das minhas personagens mitológicas preferidas. De criação divina resultou de tal forma humana que a primeira coisa que fez quando saiu do Olimpo foi cometer um erro consequente. E só isso já seria suficiente para explicar toda a minha empatia.
Tem sido acusada de ter deixado escapar o bem, tornando-o num privilégio divino. Mas ao fazê-lo, inadvertidamente, Pandora deu à esperança uma dimensão que jamais lhe pertenceria se não se desse o caso de, na terra, o bem e a virtude serem tão escassos.
Se Pandora é a responsável pela perda do bem é também a responsável pela criação da esperança como o bem restante.
E a esperança, sabemo-lo todos, é a única coisa que nos salva do desespero.




Quadro de Jonh William Waterhouse

1 comentário:

  1. Lindo, Cuca. E hoje especialmente caiu que nem uma luva. Obrigada, e bjs

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