quinta-feira, 23 de setembro de 2010

afogamento

acordo como se emerge, vendo as bolhas de ar que sobem.
não quero. fecho a boca para aguentar mais um pouco. as pálpebras já em cãibras. o peito ,vazio, a estoirar e a reclamar dolorosamente algo para dentro dos alvéolos. a tona da água que não quero que me chegue. a mão que aperta a garganta. uma pressão que sobe, rápida, pelo rosto acima. um tremor sem nervo.

no afogamento há consciência até muito perto do fim. o último é o momento em que se desiste; mas o corpo não deixa.


há luz e barulho na rua.



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