terça-feira, 20 de abril de 2010

24 com uma 38


Quem ama também odeia, como quem ri também chora. Não sou boazinha, simplesmente não tenho licença de porte de arma, nem arma sem licença.

Por inúmeras vezes já senti em mim, explicitamente, o desejo de matar. Tenho a certeza que, em determinadas situações, se tivesse uma arma, teria feito uso da mesma. O desejo de matar manifesta-se em mim num jorro de sangue anormal à cabeça, que me estonteia e tolda parcialmente a visão durante uns segundos. É nesses segundos que aperto o gatilho. Nada menos que um calibre 38. Com um estampido de deixar os ouvidos a zunir. Nem que seja para atirar aos pneus do idiota que resolve passar pela direita na autoestrada só porque ao sair da portagem o meu carro não atinge os 100 kms/hora em 4,9 segundos...

Para apaziguar a onda de ódio que me invade nessas situações e em muitas outras refugio-me na ideia de que este mundo estúpido vai sofrer um holocausto qualquer do tipo nuclear e os sobreviventes, de entre os quais eu obviamente me conto, irão viver os seus últimos dias acompanhados pelas baratas, sem lei nem dó. Dada a minha fragilidade física (antípoda do meu gigantismo de ego e da minha fortaleza de espírito) penso que apenas durarei cerca de 24 horas nessa nova ordem mundial. Mas essas 24 horas irei vivê-las num estado de plena violência, no aturdimento permanente que o ódio proporciona a quem nada mais tem a perder. Essas 24 horas compõem aquilo a que apelido de

O Dia Mad Max.

Finalmente terei porte de arma, sem licença.

E muita munição, porque do exercício em causa faz parte a elaboração mental de uma lista daqueles que irei aniquilar pelo fogo, nesse dia.

Tantos são os nomes. Desde o palhaço que ultrapassa pela direita, ao urologista do meu pai. Desde o gajo que é um bluff na vida e safa-se, ao vizinho que deita as beatas no chão da garagem do prédio ou qualquer vizinho que se apanhe a jeito (porque os vizinhos são como os nazis... não os há bons...). Desde a conhecida que se derrama cada vez que vê o meu marido ao corno do marido dela. Desde o puto que bateu no meu irmão no 6.º ano ao dono da padaria que no meio de 8 pães coloca 1 de ontem. Se aparecer, a Celine Dion também leva, assim como o André Rieu.

Espero poder gozar esse dia apocalíptico como plena serva do meu mau feitio; só no seu final poderei repousar em paz.


“Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a terra.” Apocalipse, 11:28

12 comentários:

  1. Medusa no seu melhor.
    Eu cá, penso sempre em facas, nunca em armas.
    Até imagino a faca a entrar na carne e o sangue a escorrer. E também já cheguei a sonhar que esfaqueava algumas pessoas de quem não gosto.

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  2. A Cuca pode participar no Dia Mad Max se sobreviver ao dito holocausto. Traga uma faca grande.

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  3. O meu talhante vai afiar as facas lá de casa na 4.ª feira, posso levar as tuas...

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  4. Mundo: apresento-vos as minhas amigas!
    Que culpa tenho eu de ser como sou??

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  5. Estrelas e criaturas míticas, é o que somos.

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  6. Parece-me apropriado começar a pensar na pickup. Eu gosto da Strakar.

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  7. Fritz, sim mas com uma T-shirt preta com um cão raivoso estampado!

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  8. cuca: posso antes aparecer de t-shirt desbotada com a figura do noddy e de catana em punho? acho que isso poderia manifestar de um modo mais vincado, um tribalismo feroz e devorador de que sou adepto... Á sua consideração e da medusa. Cumprimentos, fritz.

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  9. @ Fritz: essa t-shirt é sem mangas, certo?

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