sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Capitão Strut

Um coração Pirata, vem nos livros da especialidade, só se deixa espelhar em coração de igual natureza. Podemos percorrer todos os mares de olhos abertos, apontar bússolas a rochedos escondidos, usar de um resto de boa fé para com meros mortais, ignorar os bons avisos do vento, recitar esses antigos códigos de ética de uma única frase. Tudo podemos fazer e tudo será em vão. Um coração Pirata nunca pertencerá a ninguém. E só se dará em penhor a outro coração Pirata. 
Durante uma curta estada em Tortuga, nas tabernas de má fama, entre facas e dados, vi-o ao balcão. Os céus responderam com um eclipse e a lua foi de sangue.
Os códigos de acasalamento da minha gente não correspondem aos dos homens de bem. Envolvem tangos de rosas roídas, danças de espadas ao luar, palmas das mãos seladas em pactos e a certeza empírica das coisas de que, inevitavelmente, um dos dois terá de morrer. 
O Capitão Strut partiu hoje para o mar do Norte. 
Perdi as horas sentada na gávea entre um livro de Virgínia e o reflexo metálico que deixaram no mar as asas do meu capitão. 
Neguei os três pratos que me estendeu Andrhiminir, o cozinheiro Viking adorador da bimby. Mandei calar o melhor verso de Álvaro de Campos. Ignorei os protestos dos presidiários. E quando a tripulação blogger, em desespero de causa, sugeriu chamar Tagik, o berbere contador de histórias, fiz saber que o deserto já não mora em mim.
Polly, o papagaio Pirata, pendurou-se no mastro de onde me grita insultos sobre a vulgaridade das mulheres apaixonadas.
Tenho uma campanha para fazer e todo o mar das Caraíbas para aterrorizar. 
Mas o meu capitão partiu e num baú cerrado, em penhor, levou-me um músculo que me faz falta. 

15 comentários:

  1. É um dia triste para a blogosfera. A capitã Cuca apaixonou-se finalmente. O princípio do fim deste blog

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    1. Então anónimo? Não há que perder a esperança. É torcer pela minha infelicidade...

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  2. Strut?!?! Mas que raio de nome é esse, mulher?! Uma pirata do teu calibre nunca se apaixonaria por um bacalhoeiro desses, pá! Deixa te de florzinhas e volta ao negrume da tua vida habitual, se fazes o favor!

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    1. Não posso fazer nada, Flor...
      Acho que foi do eclipse...
      (Bem sei que o rosa fica-me horrivelmente)

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    2. Mas tu bebeste agua da torneira?!?!

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    3. Confere. Já começaram a despejar lítio na água da rede?? Tu conta-me tudo!

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    4. Tu estás intoxicada, mulher!!! Isso não é amor, isso são bactérias (misturadas com fungos e dermatite). Alcool, pirata, álcool, em abundância!

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  3. Ia desejar boa sorte à Pirata mas quem desconfio que quem precisa dela é o tal do capitão.

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  4. Ask Polly...
    a única criatura viva que te responderá com toda a verdade (aquilo que queres/precisas escutar :)

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    1. Nenhuma resposta é mais verdadeira do aquela que nos dá um papagaio. Estás a ficar sábio-filosofa, Alexandra. Podíamos escrever toda uma tese em torno desta ideia.

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  5. Ah, brava Rainha Pirata!
    De entre todos os Mares há também um de pérolas.
    Polly, provavelmente, também está apaixonado.

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    1. Obrigada por ter vindo, onónimo.
      Estes incréus exasperam o próprio Eros! Não podem ver uma centelha de felicidade...
      :)

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    2. Ahahahahahah, são uns bandidos!

      Melodia romântica contemporânea para celebrar: Sweet Tides

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  6. https://youtu.be/vcT2uQ5QJrY

    Seja feliz Pirata e dance este tango com o seu capitão.

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    1. Muito obrigada, Fernanda.
      Dançarei. É um tango maravilhoso.

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