terça-feira, 21 de março de 2017

Delete

Não é necessário morrer para ver o passado desfilar em passo apressado, diante dos nossos olhos, rumo ao vazio cósmico. Uma alternativa igualmente definitiva mas menos dramática é carregar no botão delete e ficar-se sentado a ver desaparecer coleções inteiras de sorrisos que já ninguém sabe nem quer saber se foram, ou não, felizes. Algures a meio do processo, a exterminadora que há em mim passou pela sala e decidiu apagar também todas as músicas, todos os vídeos e todos os textos. No final, julgo não ter deixado uma única prova digital de que tive mais passado do que as últimas duas horas. 
Paradoxalmente, ou talvez nem tanto, o computador continuou a avisar que o disco rígido está cheio. 

7 comentários:

  1. Cuca

    quer dizer que não estás a apagar no sítio certo?

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    1. Talvez o disco rígido esteja ocupado por ficheiros fantasmas...
      :)

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  2. Limpaste a Reciclagem?
    Às vezes mandamos tudo para o limbo, à espera do arrependimento. :)

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    1. Sou do tipo drástico. Limpo logo a reciclagem...

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    2. Mulher valente! (e imortal... e agora estou a cantar «A Portuguesa» em pensamento)

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  3. tens de comprar um externo...
    muito bom :)

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  4. deixa-o exposto ao tempo, em breve tudo se apagará.

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