quinta-feira, 2 de março de 2017

Sohlepse

Desinteressadamente, vamos coabitando  o mesmo espaço. Por vezes, cruzamo-nos no hall de entrada, à saída do quarto, ou dentro de um elevador. Nada lhe pergunto sobre a expressão de louca que, quando julga que a não a vejo, repousa no fundo do seu olhar. Retribui-me o favor fingindo ignorar a minha existência. Em casa, dividimos os livros, os filmes, o piano, as roupas, o cão. Na rua, existimos à vez. Creio que ambas sabemos que nascerá o dia em que teremos de nos sentar na mesma cadeira e negociar os traços de um futuro comum. Enquanto essa madrugada não vier, somos uma organização empresarial, em contínua gestão administrativa, paralisada pela falta de quórum. 

6 comentários:

  1. A falta de quórum torna-se complicada caso tenha de existir uma decisão!

    boa noite

    -___-

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  2. o que me admira a mim é como, tendo tu mais um par de mãos à disposição, abandonas Aleph à sua sorte.

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  3. Não podia concordar mais com a flor.
    (é uma excelente maneira de dizer as coisas, à cautela, que isto pirataria nunca se sabe, ainda vou parar à mistela, perdão, ao suculento jantar preparado pelo cozinheiro de nome impronunciável se me atrever a algum tipo de lamechice, por exemplo, que os escritos da Capitã fazem muita falta e assim...)
    De facto, é inadmissível que essas quatro mãos não se organizem para escrever.

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    Respostas
    1. Pode ser fofinha à vontade. Estamos na quaresma e assim...
      Bom fim de semana, Cláudia.
      :)

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