sábado, 27 de agosto de 2016

Funambulismo

Dentro de uma dessas caixas de papelão seladas por fita de seda cor-de-rosa está enrolada e arrumada a velha corda de funambulista por onde correram os meus pés descalços nas viagens entre os terraços dos arranha-céus da cidade.
O tempo limou dos pés as marcas desse vício mais antigo do que eu e o rasto que agora se cola à areia mostra um negativo igual ao de todos os outros. 
Não foi por medo de morrer que desisti de unir o cimo da cidade com as minhas cordas e fazer delas o caminho das estrelas. 
Foi por ter engolido a vertigem. 


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