domingo, 30 de junho de 2013

Dói-me o estômago



Começo a desconfiar que Andhrimnir, como cozinheiro, pode ter sido um terrível erro de casting. Para dizer a verdade, quando o vi na rua, nas suas vestes de homem estátua Pirata, imóvel, rodeado por um bando de miúdos ingleses aterrorizados, fiquei tão entusiasmada que o recrutei imediatamente para a função que me fazia mais falta, sem quer me ocorrer perguntar-lhe se sabia cozinhar. 
Habituada às manias e desmandos dos chefes de cozinha, ainda esperei algumas refeições para lhe explicar que Nestum com mel não é propriamente aquilo que se espera de um cozinheiro Pirata num navio em contamos viver, se não no luxo, pelo menos, dentro dos parâmetros de uma elegância muito civilizada. 
Andhrimnir não ficou ofendido com as minhas reclamações, mas adiantou-me a justificação que eu mais temia. Veio para esta vida para torturar pessoas e, por enquanto, ainda só me tem a mim e ao papagaio e eu proibi-o de continuar a arrancar penas ao bicho emprestado (logo a seguir ao tribunal europeu dos direitos do homem, o que mais temo são as organizações de defesa dos direitos dos animais).
Obriguei-o a passar a manhã na cozinha a ensaiar as receitas do livro da Vaqueiro mas, quando me viu cuspir o resultado, atirou com um prato Vista Alegre ao chão e plantou-se no mastro, a fazer de estátua, de onde diz que só sai depois de eu lhe comprar uma bimbi. 
Não sei se aguento mais dois dias sem diretor de departamento de recursos humanos.
Raios partam os vikings. 

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