quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Dia 30 do mês de Dezembro do Ano da Peste

Por fim, fui vencida a fazer as malas para terminar em pleno campo os dias do inominável ano. 
Que as cidades estão cheias de peste; que os teatros estão vazios; que as pessoas já não podem tocar nos copos umas das outras e desejar dias melhores; que irá chover a semana inteira; que há filas para tudo; que no campo as cores de início de inverno; que os vermelhos e os laranjas; que o cheiro das lareiras e a beleza do orvalho nos pastos; que os épicos passeios pelas ecovias; que as vantagens da adega e os sabores do Minho.
Enfim...
Cá estou. Vinte e quatro horas depois, entre os caprichos de um  aquecimento central que talvez exista ou não e o ártico que também decidiu mudar-se para cá,  ainda não consegui despir o casaco da neve e descalçar as botas. Penso que já nem sequer tenho nariz, mas tenho medo de ir ao espelho confirmar. O dedo mínimo da mão esquerda passou de encarnado a preto e também ameaça cair. O que me assola nem é tanto o medo de que a hipotermia me impeça de chegar a um ano decente. É mesmo a tristeza de morrer no meio do campo. 

8 comentários:

  1. Tal como a Flor. Obrigada pela gargalhada, Cuca.

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  2. ehehehehehehehehe, nem pareces a mesma Capitã que nos levou em 2015 rumo à Lapónia com o propósito de roubar todos os presentes do Pai Natal! E num instante passaram 5 anos...

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    1. Mau-tempo, a culpa foi tua que decidiste fazer frio. Além do mais não tinha os nossos casacos de pele de baleia e disseram-me que não havia rum.

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  3. Amputa-se o dedo! Temos o capitão Gancho, ficamos com a capitã Ganchinho!
    Que é isso? Recuar perante um friozinho Minhoto? Ora!

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