Depois de três semanas de fracasso absoluto a tentar educar um cão com as técnicas do "positive training" (que é o mesmo que dizer levá-los a fazer o que pretendemos não por nos temerem mas por nos quererem agradar) tive um acesso de fúria graças ao qual descobri a eficácia instantânea do velho método do espancamento com um jornal.
Tivesse eu comprado um cão há mais tempo e teria dispensado muitas horas de interrogação metafísica sobre as indesejáveis atitudes de algumas pessoas que me rodeiam.
As teorias humanistas são giras mas não há comunicação tão eficaz como uma boas jornaladas no lombo.
O meu cão ensinou-me que sou vítima do meu excesso de paciência.
Li, gostei muito e lembrei uma história contada no fim de ano, por um amigo. Citadino, com direito a horta e capoeira a uma hora da cidade grande.
ResponderEliminarNum dos fins-de-semana campestres, entra no reduto dos galináceos. Traz farnel. Eis senão quando vê o macho a fazer peito: inchado, ufano, desafiador, crista carnuda a-dar-a-dar. Armado em galo. Quem percebe de criação sabe que com um bicho destes não se brinca, e era grande.
Um homem pensa. Em si e no que o rodeia. Um galo é um galo, um homem é um homem, um macho é um macho. Cada qual na sua função, cada qual no seu lugar.
Saiu um pontapé, bem desferido, no lombo do vaidoso. Remate à guarda-redes empurrando a equipa para a frente. O bicho embateu contra as redes - do galinheiro -, e soltou pio pouco másculo. Piou fininho. Aguentou, não perdeu charme, poder de sedução ou virilidade. Entre as galinhas, ele era o galo. Mas entre ele e o dono, era a galinha. Passou a ser.
Isto foi em Novembro, no verão. No trinta do último mês, ouvi esta história. A casa estava quente de lume, o vinho era grosso do Dão. E a cabidela – essa -, estava fabulosa.
:)
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