segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Bolerinho

Vem miúdo,
desce a rua à esquerda do outono
no passo firme da árvore da vida 
e enlaça-me nesse instante do sono
em que a dois corações uma batida.

Dança comigo de pés torcidos
diz-me a essência dos dias 
dá-me a violência dos tecidos 
conta-me das estórias vadias.

Vem miúdo,
sobe a rua à direita da primavera 
lava-me dos cabelos todo o sal 
manda fechar as portas da guerra
desenha-me um mundo sem mal.

Dança comigo de pés unidos 
alimenta-me a baclava 
faz todos os espaços banidos 
adormece uma rosa brava.

E, miúdo,
Corta do trapézio as cordas.
Ata-as às asas do vento norte,
que, dizem,
– nunca
voar
foi
má-sorte.

3 comentários:

  1. A uma miúda.

    Prometemos tantas coisas e eu só quero
    que não esqueças a presença quando eu for
    no mais belo ajuntamento de viúvas
    não tentes ser discreta, por favor.

    Mas se o acaso nos levar ao reencontro
    antes desse meu sossego tão esperado [ando cansado]
    lanço-te o olhar mais terno e fundo
    de Vadinho de Jorge Amado
    é que o amor é um cão do inferno
    e eu sou um malandro, um safado condenado.

    Não esperes muito mais deste vadio
    gato esfarrapado e sofredor
    sou muito homem, na minha cobardia
    não temo os homens, nem a noite nem o dia
    só tenho medo de amar e do amor.

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    1. Esse seu bolerinho, envergonha o meu.
      Obrigada Noodles, fico sempre contente quando lhe apetece escrever aqui.

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  2. Eu diria que são dois boleros desavergonhados.

    Obrigado por escrever e, com isso e a espaços, me levar a escrever também.

    Boas Festas, Sô Dona Cuca.

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