Foi nos arredores da cidade que ela viu a borboleta. Uma única borboleta branca, com as asas fechadas, pousada sobre umas canas numa manhã de novembro. Desde o verão que não se viam borboletas; onde poderia aquela ter estado escondida? A temperatura do ar tinha descido acentuadamente na semana anterior, e talvez fosse por as suas congelarem rapidamente que a cor branca se fixara nelas, deixando certas partes quase transparentes. Tão claras eram as asas que pareciam tremeluzir com o reflexo negro da terra. Agora, bastará pouco tempo para que o branco abandone completamente aquelas asas. Tornar-se-ão uma outra coisa, já não asas, e a borboleta será então qualquer coisa que não uma borboleta.
Han kang
O livro Branco, D. Quixote