quinta-feira, 22 de abril de 2010

Carta Aberta


Exm.º Senhor Joaquim Pereira Chen da Silva:

Desde que chegou à cidade onde eu resido, há dois dias atrás, tenho estado a suportar a música roufenha da sua tenda durante o horário de expediente e não estou a gostar. Mais: já vai estando algum calor e os seus animais exalam aquele aroma de animal que me tem feito evitar passar à frente do vosso acampamento, apesar de o fazer de carro e ser o caminho mais curto do trabalho para casa.

Ou seja, serve a presente para lhe dizer que V. Ex.ª está a incomodar-me.

Aproveito a ocasião para lhe dirigir algumas palavras, que poderia dirigir ao Sr. Cardinali se a tenda em causa fosse dele.

Dono de circo. Aqui reside o primeiro problema: Pode ser-se dono de um circo? O que é que isso inclui, a tenda? As roulottes? Os animais? Os “artistas”!?

Como já pôde perceber, odeio circos. Vocês não prestam para rigorosamente nada. Quando o Mundo se espantava com pulgas amestradas ainda tinham o vosso lugarzeco no mundo do showbiz. Agora, quando qualquer pelintra pode ir fazer um safari, para quê exibir as vossas feras cheias de peladas e sarna, todas drogadas para não engolirem o domador de forma a colmatar a carência alimentar que as suas costelas pronunciadas denunciam?

Desculpe lá, mas ainda há alguém neste Mundo que acredite que o seu circo de tenda remendada é um circo “internacional”ou “galáctico”!? Por favor... há muito que deixaram de ser “o maior espectáculo do Mundo”... a não ser em degradação e piolhice. Não aprecio saltimbancos e acho o nomadismo uma parvoeira. Não se cansa de passar a vida a fazer as suas necessidades num balde? Depois morre num incêndio dum parque de campismo fajuto por fazer da roulotte habitação permanente aquecida a radiador a óleo... Não há paciência.

Não se defenda com a tradição do Circo do Mónaco – no Mónaco, o único circo que ainda tem público é o da família Grimaldi que proporciona espectáculos dantescos nas revistas côr-de-rosa europeias.

Encerre de uma vez por todas o seu barraco itinerante.

Deixe-se dessa vida. Desapareça da minha cidade. Senão, arrisca-se a fazer parte duma lista que eu cá sei...

3 comentários:

  1. Muito bom!
    Entretanto, por favor, não me escrevas cartas...

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  2. Subscrevo na íntegra.
    Embora fazer uma petição para acabar com eles?
    Punha-se no facebook e em menos de nada haveriam subscritores suficientes para fazer o assunto chegar ao parlamento, O outro circo.

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  3. @ Estrelita: sim. pode chamar-lhe circo. são muitos os ilusionistas e os palhaços.

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