"De repente a cama vazia. A sensação de não pertencer mais aqui. Os corpos habituam-se aos corpos. Quando se separam é sempre por um corte, um rasgão. Fica uma ferida, é preciso ter cuidado, prestar atenção. As mulheres são seres alados que voam para longe. Os graves homens não. De repente, à luz da noite, a cama é um deserto.
Chamemos as coisas pelos nomes. O amor que transportamos vai-se gastando por onde passamos. Não nasce do vento. O que levamos deste amor para aquele é muito pouco, não chega para nada. É preciso ter a vontade e a energia e a concentração para começar tudo outra vez. Não somos donos de nada. O que importa é o que só passa e nem se deixa tocar com os dedos. É preciso ter cuidado. De repente, à luz da noite, uma só aflição."
Pedro Paixão, in Amor Portátil, Livros Cotovia
um dos meus escritores favoritos a par de José Luís Peixoto, Al Berto e Haruki Murakami.
ResponderEliminarTambém gosto imenso dos dois primeiros, mas do Haruki Murakami só conheço algumas short stories.
ResponderEliminarTenho todos os livros do Murakami. Ele tem um livro com vários contos que se chama "A rapariga que inventou um sonho". (não é de todo o meu preferido).
ResponderEliminarIrás gostar do "Sputnik, meu amor".
P.S- A título de curiosidade (e de alguma vaidade também), digo-te que costumo trocar correspondência electrónica com o Pedro Paixão.