O calor do dia aliou-se ao fumo de um incêndio próximo e juntos rastilharam a febre dentro dos meus pulsos.
Adoeci.
A dona da casa saiu para apanhar azáleas e perdeu o espírito na rua.
Foi então que o rapazinho chegou para brincar com a sua boneca.
- As bonecas devem conservar-se a temperatura amena.
Lembrou-se ele enquanto me sentou num sofá branco climatizado e experimentou nos meus pés minúsculos sapatinhos de renda.
O oxigénio não me chega aos pulmões e do outro lado do vidro há uma lua que se enubla a cada instante que voa.
O rapazinho passa-me do sofá para a cama de brilhantes, não sem antes me escovar os cabelos de nylon e me descalçar os sapatinhos.
A dona da casa saiu para apanhar azáleas e caminha fresca por entre uma vereda com vista para o cheiro do mar.
Enchem-me de pulseiras coloridas os pulsos da febre.
Na minha confusão, sabem-me a algemas.
- Gosto muito da minha boneca.
Lembrou-se ele enquanto me arrastou, de cabeça para baixo, na direção de um carrinho.
A dona da casa saiu para apanhar azáleas e manda dizer que só volta quando a noite voltar a estar respirável.
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