Seria de supor que a itinerância
constante nos abre a vida a um imenso rol de rostos e a uma roda viva de
experiências novas e irrepetíveis. Estatisticamente sim. Mas comigo não. O meu
mundo é tão minúsculo e feito de repetições de personagens que às vezes temo
que tudo não passe de uma conspiração ao jeito de “The Truman Show”. As seis
pessoas que conheço insistem em aparecer-me, com toda a improbabilidade do mundo,
onde quer que eu esteja e sem a menor colaboração da minha parte.
Foi assim que encontrei na rua o
meu ex senhorio israelita da planície alentejana que já foi personagem neste blogue.
Uma hora depois, sentados num
muro:
- Kierkegaardiana? Mas que raio é isso?
- oh, esqueça. Daria muito
trabalho a explicar e não tem assim tanto interesse.
- Foi alguma doença que apanhaste
nas ilhas?
- Não me trate por tu. Já falámos
sobre essa questão do excesso de familiaridade.
- Mas agora já não sou teu
senhorio… não temos impedimentos de ordem ética.
- Você não sabe o que está a
dizer, pois não? E não use essa expressão na minha frente que me desencadeia pensamentos angustiantes.
- Pensamentos angustiantes tenho eu por tu usares esse vestidinho na minha frente.
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