É a conclusão que tenho que tirar do facto de, ontem, ter ido fazer uma tatuagem de henna. Logo eu.
Escanzelada, trigueira. Assim era a que me desenhou um sol dinâmico no interior do tornozelo esquerdo.
Podia ser bonita, porque ainda jovem e interessante, mas falta-lhe tudo aquilo que ela despreza. Um bom hidratante. Protecção solar. Roupa de cama decente e três almofadas de penas.
O traje pretendia ser medievo. Os cabelos muito secos, enleados numas flores também secas.
Por dentro, a tenda é esmagadoramente púrpura e decorada de forma muito feminina. Demais.
O catálogo são folhas A4 encadernadas. Bichos. Símbolos. Coisas Celtas. Coisas supostamente escritas em árabe. Tem orelhas e está sujo no canto inferior direito.
Explica-me que onde vive habitualmente, em Óbidos, a chamam de bruxa. E que não se importa. Porque bruxa é sinónimo de bússola, aquela que indica o caminho.
Já sentada em almofadas e outros trapos empestados de incenso, finjo que acredito nas patranhas infantis dela.
Desenha o sol. A mão livre.
Para cima da henna ainda húmida sopra a purpurina que eu escolhi: prateada. O pó foge para longe do desenho. Ela explica: eu escolhi mal. O sol não aceita a inferioridade da prata e só merece ouro. Vai buscar o frasquinho da purpurina dourada que se cola, em massa, ao desenho.
Bruxa.
Ri-se com os olhos verdes que filtram o sol que lhes entra como num prisma.
Escanzelada, trigueira. Assim era a que me desenhou um sol dinâmico no interior do tornozelo esquerdo.
Podia ser bonita, porque ainda jovem e interessante, mas falta-lhe tudo aquilo que ela despreza. Um bom hidratante. Protecção solar. Roupa de cama decente e três almofadas de penas.
O traje pretendia ser medievo. Os cabelos muito secos, enleados numas flores também secas.
Por dentro, a tenda é esmagadoramente púrpura e decorada de forma muito feminina. Demais.
O catálogo são folhas A4 encadernadas. Bichos. Símbolos. Coisas Celtas. Coisas supostamente escritas em árabe. Tem orelhas e está sujo no canto inferior direito.
Explica-me que onde vive habitualmente, em Óbidos, a chamam de bruxa. E que não se importa. Porque bruxa é sinónimo de bússola, aquela que indica o caminho.
Já sentada em almofadas e outros trapos empestados de incenso, finjo que acredito nas patranhas infantis dela.
Desenha o sol. A mão livre.
Para cima da henna ainda húmida sopra a purpurina que eu escolhi: prateada. O pó foge para longe do desenho. Ela explica: eu escolhi mal. O sol não aceita a inferioridade da prata e só merece ouro. Vai buscar o frasquinho da purpurina dourada que se cola, em massa, ao desenho.
Bruxa.
Ri-se com os olhos verdes que filtram o sol que lhes entra como num prisma.
A última vez que me meti nessa treta da hena, apanhei uma alergia nojenta.
ResponderEliminarAgradeço-te muito teres arruinado a última réstia de magia que eu ainda sentia ao olhar para o desenho.
ResponderEliminarNão é todos os dias que se encontra a Blimunda. Por si só, já vale o esquisso.
ResponderEliminar;)
ResponderEliminarpragmatismo em excesso. deculpa minha querida. um texto tão bonito e eu vou-me logo lembrar da minha alergia.
ResponderEliminarNão...! O agradecimento não era irónico. Ligas-me à terra.
ResponderEliminarÉ no que dá fazer tatuagens da treta.
ResponderEliminarSe fizessem como eu, não lhes chegavam alergias. Já vos disse que já decidi como e onde será a minha próxima?
Oh querida... vá, conta lá.
ResponderEliminarVai haver uma tatu nova??
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