Noutros tempos, passei longos dias e ainda mais vastas noites confinada dentro da minha cabeça. O confinamento interior parece-me, de todas as perdas de liberdade, a mais violenta. O cérebro projeta-se, como um hamster histérico, às voltas numa rodinha de plástico. E nós ficamos a girar no interior do brinquedo até que a exaustão nos salve do engodo. Se a loucura não chegar primeiro.
Para quem foi obrigado a estar fechado dentro da sua própria cabeça, o confinamento sanitário tem a leveza e o arejo de um passeio numa praia vazia. E os tempos de não existência, na sua irrealidade, na sua bizarria, sempre nos trazem o silêncio que pode ser motor de uma qualquer forma de crescimento.
(pese embora no meu caso, até agora, só o tenha notado nas indesejáveis raízes do cabelo)
As minhas filhas agarram - literalmente - em mim, e pintam-me o cabelo com uma cor escolhida por elas.
ResponderEliminarSubmeto-me, com prazer, a toda a surpresa: dexei de ser loira, agora passeio-me e à juba em castanho violino. Gosto, tem uma vibração inesperada :)*
Neste momento tenho madeixas californianas não programadas.
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