Quando Andhriminir, o cozinheiro Pirata, nos deixou a sós no convés, recostei-me na chaise long e fingi ler o livro.
Ele começou a servir-me o chá, ensaiou uma expressão concentrada e disse-me sem olhar para mim:
- Quando deixaste a planície, disseste que tinhas de partir para caçar a tua baleia. Encontraste-a?
Com os olhos presos no mesmo parágrafo, anuí com a cabeça, consciente de que não me estava a ver.
- Claro. E enterrei-lhe no coração o mais eficiente de todos os meus arpões. Morreu.
- Ainda bem. Só não entendo, nesse caso, porque é que não voltaste e porque é que este navio me parece o teu Pequod.
Continuámos, eu a fixar a mesma linha e ele concentrado em servir-me o chá.
- No regresso, tive um confronto com uma baleia maior. Roubou-me muito mais do que uma perna.
- Sofres claramente do síndroma de Ahab ... sabes que esse tipo acabou mal?
Respirei fundo e finalmente enfrentei-lhe o olhar que estava, agora, fixo no meu.
- Sei. Ao contrário de si, li o livro. E já lhe disse que me deve tratar por senhora.
Perseguir baleias brancas, normalmente não tem um final feliz, principalmente quando se torna obsessão.
ResponderEliminarA Senhora Capitã que leu o calhamaço ( também li, há muito tempo) também pensa que Ahabs vão e vêm, mas a Baleia mesmo depois de morta e morrida ainda continua a dar água pela barba a todos ?
O estupor da Baleia nunca chega a morrer, só se finge de morta...
EliminarPor isso, Melvile lá reconhecia: “No branch of Zoology is so much involved as that which is entitled Cetology."
ResponderEliminarBoa tarde, Cuca :)