domingo, 31 de março de 2013

Dos feios


Um anúncio assim nesta terra seria a ruína do comerciante. 
Estou aqui há seis meses e ainda não vi uma pessoa bonita. 

sábado, 30 de março de 2013

Postais intergalácticos





Haverias de me odiar hoje pelo peso da nostalgia. Há dois dias que sou atormentada pela tua expressão de placidez etérea estampada na capa de um livro. Acho que o que me perturba é a falta de memória de a ter visto em ti. Talvez seja legítimo photoshopizar os mortos para lhes devolver uma tranquilidade que nunca lhes pertenceu. Fica-te bem. Fez-me pensar que pessoa terias sido se tivesses entrado numa loja dos chineses e comprado aquela expressão. Depois entregavam-ta num saco de plástico azul e irias rua fora a abaná-la ao ritmo de um pensamento mais insistente. Ou talvez a tenha visto e já me tenha esquecido. Dirias que começo a perder o controlo da amnésia e terias a habitual razão. Não sei se o magnésio ainda se vende em ampolas cor-de-rosa pastilha elástica. Se vender, talvez o compre para condizer com as minhas sandálias novas. 
Escrevo-te para te lembrar que é Páscoa porque duvido que haja disso no sítio onde te foste enfiar e não quero que percas hábitos de civilidade para o caso de ter de ter que conviver contigo numa outra vida. Um dia sentámo-nos numa varanda e desembrulhaste um ovo de chocolate gigante que comemos com vinho tinto. Mas também podia já ser Natal. A verdade é que o chocolate sabia a mofo e serviste-me um discurso de uma hora sobre as minhas manias de burguesa. Uma hora depois o chocolate continuava a saber a mofo, o vinho acabou-se e, de acordo com a memória estatística, eu devo ter-me ido embora farta de ti. 
Quanto às minhas manias de burguesa, sobrevieram-te, persistindo até hoje embaladas pelo som da tua voz de censura que por vezes ainda se vem instalar nos meus ouvidos, agora reduzida à triste função de grilo falante de uma consciência carente de apoio em permanência.  
De qualquer forma, acho que atualmente as galinhas já nem sequer põem ovos de chocolate. O mundo parecer-te-ia muito melhor se pudesses voltar. E a convivência com os teus muito mais tolerável. Especialmente agora que nos ensinaste a solidão.
Vê lá isso da Páscoa com cuidado. Ouvi dizer que é boa altura para se ressuscitar. 


enquanto isso...

... em modo emissora invertida...

Ridículos são os que as recebem


Muito depois de o amor ter sido declarado extinto, naquela estação de rádio perdida nos confins do mundo, na sala à esquerda de tudo o resto, continuaram a escrever-se as mesmas cartas de amor.
Mensagens sobre luas cheias e homens vazios aprisionados no terror do esquecimento.
Pareceram-me tão sinceras como antes. 
As ondas hertzianas facilitam no momento de rasurar o nome no envelope. 
E as boas cartas de amor, já se sabe, são aquelas que se podem enviar a mil pessoas diferentes fazendo com que todas se sintam únicas.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Herodoto fala do amor

“Of the crocodile the nature is as follows:—during the four most wintry months this creature eats nothing: she has four feet and is an animal belonging to the land and the water both; for she produces and hatches eggs on the land, and the most part of the day she remains upon dry land, but the whole of the night in the river, for the water in truth is warmer than the unclouded open air and the dew. Of all the mortal creatures of which we have knowledge this grows to the greatest bulk from the smallest beginning; for the eggs which she produces are not much larger than those of geese and the newly-hatched young one is in proportion to the egg, but as he grows he becomes as much as seventeen cubits long and sometimes yet larger. He has eyes like those of a pig and teeth large and tusky, in proportion to the size of his body; but unlike all other beasts he grows no tongue, neither does he move his lower jaw, but brings the upper jaw towards the lower, being in this too unlike all other beasts. He has moreover strong claws and a scaly hide upon his back which cannot be pierced; and he is blind in the water, but in the air he is of very keen sight. Since he has his living in the water he keeps his mouth all full within of leeches; and whereas all other birds and beasts fly from him, the trochilus is a creature which is at peace with him, seeing that from her he receives benefit; for the crocodile having come out of the water to the land and then having opened his mouth (this he is wont to do generally towards the West Wind), the trochilus upon that enters into his mouth and swallows down the leeches, and he being benefited is pleased and does no harm to the trochilus.”



"(...)70. There are many ways in use of catching them and of various kinds: I shall describe that which to me seems the most worthy of being told. A man puts the back of a pig upon a hook as bait, and lets it go into the middle of the river, while he himself upon the bank of the river has a young live pig, which he beats; and the crocodile hearing its cries makes for the direction of the sound, and when he finds the pig's back he swallows it down: then they pull, and when he is drawn out to land, first of all the hunter forthwith plasters up his eyes with mud, and having so done he very easily gets the mastery of him, but if he does not do so he has much trouble.
(...)”



Herodotus, in “The history of Herodotus — Volume 1.” iBooks.

terça-feira, 26 de março de 2013

Zapping ao mundo real


Na televisão estava uma mulher que a única história que tinha para contar é que esteve casada dez anos, foi enganada pelo marido, divorciou-se e depois abriu um café. Aparentemente, alguém achou que esta vida tem suficiente interesse para ser exibida num canal de televisão.
Mudei de canal.
A concorrência oferecia um programa tão idêntico que fiquei com dúvidas se o comando ainda tinha pilhas.
Nesta televisão estava uma mulher que perdeu o emprego e em vez de emigrar abriu uma mercearia. Não consigo apurar se já foi traída pelo marido ou se ainda vai ser.
O problema não está nas senhoras que gentilmente partilham connosco a absoluta banalidade das suas existências, dando-nos qualificados conselhos sobre a melhor maneira se ser feliz com aquilo que se tem e nunca desistir. Seja lá isso, desistir, aquilo que for, quando, convenhamos, o feito destas senhoras não é a investigação da cura para o cancro, mas a simples prossecução da sua própria existência, fazendo aquilo que os humanos fazem fazem desde que são humanos, ou seja, subsistindo.
Talvez o problema nem sequer seja das duas direções de programas que consideram que o tempo em televisão é suficientemente abundante para ocupar meia hora com histórias de vida que a única coisa que têm de extraordinário é a sua profunda banalidade.
Ainda assim há um problema. 
O tamanho dos sonhos faz-se dos exemplos, a evolução faz-se pela aprendizagem e a tacanhez dos povos é proporcional à dos seus líderes.
Algo de grave tem de passar-se numa sociedade que serve aos zombies sentados nos sofás das respectivas salas, com o entusiasmo de quem distribui prozac, o consolo de saber que há pessoas iguais a elas que ainda não se suicidaram.

Que o maior dos dedos do pé seja o segundo


Disseram-me que era uma festa, coisa que eu teria sido incapaz de perceber se não me tivessem avisado. Talvez as mesas enfeitadas de toalhas de alga e as estrelas-do-mar penduradas nas nuvens tivessem sido uma boa pista se não se desse o caso, que se dá, de eu agora já só compreender as coisas quando alguém as explica. O coelho do relógio passou por mim a correr, deu um gritinho despropositado e fez de conta que não me viu. Não ter percebido poupou-me o embaraço. A lagartixa aproximou-se do meu ouvido para se queixar que, no wonderland, já só se fuma tabaco de água. Aceitei o cachimbo sem fazer perguntas e partilhei o ar enojado do Ás de ouros que se sentou na minha frente. Uma abelha levantou-se do lugar para trocar impressões com o meu cão sobre a vida íntima da rainha branca. O cão mordeu-a e uivou entediado. Duas chávenas de chá mais tarde vi um cardume de peixes seguir uma lagosta até ao palco improvisado onde tocaram um blues que não envergonharia em New Orleans. E foi só quando o som do saxofone se calou que dei pela falta do chapeleiro louco. Fiz um gesto na direção do coelho para lhe perguntar por ele. Mas depois, por não saber se hoje sou Alice ou a rainha de copas, calei-me a tempo de evitar a exposição pública do logro que sou. A rainha de copas saberia do chapeleiro. Alice não quereria saber. Eu não deveria estar aqui.
Dei dois cubos de queijo azul ao cão antes de comer os meus. Tornei-me desconfiada depois da minha última passagem pelo wonderland. Ou talvez apenas não me possa dar ao luxo de encolher nem mais um centímetro. É ténue, a linha de fronteira entre a mesquinhez e o instinto de sobrevivência. O gato que ri tirou-me a língua em sinal de discordância e desapareceu devagarinho.
Logo que começou a chover, a festa desfez-se numa bolha que eclodiu em pequenos confettis que caíram sobre dois pés descalços subitamente plantados ao lado dos meus. Dei um salto na cadeira ao reparar que, naqueles pés, o segundo dedo era o maior de todos. Foi assim que reconheci o chapeleiro louco. Mas, nesse instante, o sol eclipsou-se e mergulhámos todos numa escuridão que seria silenciosa se o meu coração não tivesse começado a bater em stereo.
Quando o negrume se dissipou e eu ouvi-me a mim própria gritar “cortem-lhe a cabeça” “cortem-lhe a cabeça”, percebi que, afinal, ainda sou a rainha de copas. 
E nem sequer foi necessário explicarem-me.

sábado, 23 de março de 2013

acusação e defesa


He was powerless because he had no precise desire, and this tortured him because he was vainly seeking something to desire. He could not even make himself stretch out his hand to switch on the light. The simple transition from intention to action seemed an unimaginable miracle.” 

 Vladimir Nabokov, Mary


“...for the human brain can become the best torture house of all those it has invented, established and used in a millions of years, in millions of lands, on millions of howling creatures. 

 Vladimir Nabokov, Ada, or Ardor: A Family Chronicle


Excesso de bagagem


Acontece-me com frequência encontrar as melhores respostas nos objetos.
A etiqueta cor-de-laranja, ainda presa à mala que escondo debaixo da cama, cospe-me um “Heavy” acusador.
Fui catalogada há sete meses atrás por alguém que talvez nem sequer tenha precisado de me pesar a bagagem para perceber que o seu peso excede os padrões estabelecidos. 
Perco a paciência comigo própria e livro-me da etiqueta num raro acesso de auto-censura pelo meu próprio desleixo.
Mas do peso, esse, não tenho como me livrar.
Heavy, diz-me o silêncio.

sexta-feira, 22 de março de 2013

leave me alone with my fever



Don't stand by my window.
Don't knock on my door.
Don't ever enter my chamber.
Don't you bother comin' by anymore.

Leave me alone with my fever.
Leave me alone with my
Leave me alone where you left me.
Leave me alone with my wound.

They won't let me go, no.
They can't let me out, no.
They won't let me walk, no.
And I'm not the only,
They can't let us go, no.
They won't let me out, no.

And don't chase a life that is leaving.
Don't chase a life that is lost.
Say on you side "I got reason
To be alone with my wound."

They won't let me go, no.
They can't let me out, no.
They won't let me walk, no.
And I'm not the only,
They can't let us go, no.
They won't let me out, no. 

I'm staying seventeen
It's all I'll ever be
It's all I ever known
Forever seventeen
My heart is on my sleeve
All I ever known

quinta-feira, 21 de março de 2013

No dia internacional da poesia


a trapezista


Começou a subir aos telhados.
Começou a resolver neles muito tempo.

[Primeiro, os dedos na janela mais acima.          
Depois, era o cabelo que subia.
Um pulso a içar a alma para outra cidade.]

Daqui vê-se tudo.
Os gatos deitam-se e lambem-me os pés.

Os pés sobem molhados pela chuva.
Os homens congeminam negócios estendidos nas mulheres.

As crianças gritam dentro das casas quando os sonhos
lhes arrancam pedaços das costas.

Os homens caminham com quadros pendurados nos joelhos
As pessoas escrevem artigos nas revistas
sobre o que seria o mundo se alguém do outro lado as ouvisse

E é então que eu saio
e sobre os ombros das árvores disponho a economia
cravando-lhe os dentes ou
roçando apenas o meu sexo
no trapézio

Inclino-me sobre a sua demência particular
neste dia emparedado entre sucessos e crisântemos
e  as crises
e ouço as ruas onde lá em baixo uma pessoa
ajeita um pouco melhor os ossos

Aquela mulher fabricou uma cozinha resistente a tudo
atravessou os séculos assoberbada de electrodomésticos
inexpugnáveis – ao fim-de-semana envolvia-os em celofane e espanava
um pouco melhor os filhos

Mais à frente o parque onde as estratégias se apresentam -
o presidente à frente, seguido pelo hidrogénio ou o hélio
 - conforme a posição do sol no buço da democracia –
e o écran reflectindo o écran e a
maresia.

Aqui no alto rodo os pés e alongo mais os braços.
Nos primeiros meses estendia-me com o corpo para baixo e deixava
o sangue inundar a cabeça. Via manchas vermelhas da
menstruação por entre os amigos que prometia esquecer.
Eles traziam-me os seus corpos nus e eu aquecia as suas unhas
cravadas pelo vidro.

Dizem: se os videntes permanecem firmes perante pequenos tiranos
podem chegar a suportar a presença do incognoscível.
Todo o conhecimento é o resultado de uma deslocação.
Se é verdade que todos os caminhos são iguais?
Sim. Pois não te conduzem a lugar nenhum.
Se quiseres fazer como o feiticeiro índio da tribo iaqui,
perguntarás: e esse caminho tem coração?

Perdi a minha agenda de fenómenos electromagnéticos.
Não sei por isso de que lado esperar
este súbito irromper
da melancolia.


Rui Costa


terça-feira, 19 de março de 2013

Constatação do óbvio


1. Quando nos comportamos como loucos, os outros tendem a tratar-nos como loucos.
2. Em geral, os loucos são maltratados.
3. Ser tratado como louco enlouquece qualquer um.

domingo, 17 de março de 2013

Diálogos com deus


- Oláaaaa….
- Adeus.
- Literalmente?
- Não abuses da minha paciência.
- Minha filha, vim dar-te mais uma oportunidade para alcançares a verdadeira felicidade. Aquela que nos espera no topo da montanha da redenção.
- hum… obrigada mas não. No meu caso seria necessário material de alpinismo profissional. E deve estar frio lá tão em cima.
- Filha, passaram-se muitos meses desde a última vez. Não é possível que ainda me detestes.
- Sabes o que estava aqui a pensar? Acho-te a menos interessante e mais previsível de todas as criaturas mitológicas.
- Se eu fosse um mito não poderias estar a falar comigo.
- Não me menosprezes. Estamos a falar de mim. A que fala com mortos e já amou criaturas que nunca existiram.
- Dá-me a mão e fica na minha companhia. Aceita que te guie pelo teu destino.
- Nada disso. Além do mais, o destino é meu e decidi não ir a lado nenhum.
- Como assim? Já não vais ao teatro? Por causa desta chuvinha de nada?
- És tão idiota. Queria dizer que decidi ficar plantada neste estádio de evolução. Não vou fazer rigorosamente nada com a minha existência. Apenas gastá-la.
- Mas este é o estádio do egoísmo, da frustração, da agonia, não podes querer realmente permanecer aqui.
- hum… também andaste a ler aquela cena dos estádios kubler-Ross? Conseguiste perceber o que acontece depois de se chegar ao último?
- Começo a fartar-me de ti.
- Ainda bem. A reciprocidade é o equilíbrio de qualquer relação.
- … talvez nem sequer te volte a visitar.
- Isso seria bom sinal. O avanço das ciências da psiquiatria é uma coisa importante para a humanidade.
- Alguma pergunta que me queiras fazer?
- Sabes o número de telefone do take away do sushi? 

sábado, 16 de março de 2013

De dentro da caixa de música


Continuas a arrancar os dias ao ritmo das notas do mesmo contra-baixo. A música colou-se aos teus batimentos cardíacos e talvez morras quando as cordas da guitarra se partirem. Os pés afogados pelas folhas de calendário que fazes cair, há muito que se esqueceram que servem para andar. Giras cimentada na rotação perpétua de uma plataforma. Habitas o espaço da própria ampulheta. Onde já nem o tempo conta.
E se não há marcas a giz nas paredes cinzentas é porque isso ainda seria um sinal de esperança.
Dizem-te que o céu está a cair aos pedaços.
Acreditas, mas não te dás ao trabalho de levantar os olhos.
Além do mais, duvidas que deste lado do mundo também existam estrelas.  

segunda-feira, 11 de março de 2013

escrevê-la em várias línguas até aprender a lição


Vergonha, honte, shame, scham, verguenza, imbarazzo, shande, skam, hamba, náire, skomm, ayip

homens sem sombra


Há sombras que devoram os homens em noites sem lua
Afogam-nos com a escuridão que os olhos engolem
E regurgitam-nos em corpos invólucro de alma nua

Há homens que se entregam às sombras que os colhem

E há piratas que rasgam as sombras
E incendeiam-nas com luas roubadas
Antes de partirem no rasto das madrugadas

Há piratas que destroem as sombras que lhes fogem

E eu observo-os daqui, do cimo das estrelas
E eu observo-os daqui, da cauda do cometa

E sei que são faces da mesma velha moeda
de latão.
Uns sem corpo e outros sem sombra
E na boca sempre o mesmo gosto
De vazio de alcatrão

E eu vejo-os daqui do cimo das estrelas
E eu vejo-os daqui da cauda do cometa

E choro os homens que se entregam às sombras que os colhem
E choro os piratas que destroem as sombras que lhes fogem
De vazio de coração

domingo, 10 de março de 2013

Puccini foi readmitido aqui em casa

Ninguém me convence que o que nos afasta da barbárie é a sensibilidade à arte. Tolero com dificuldades crescentes o convívio com criaturas que passam por um Caravaggio com o mesmo ar com que olham para o quadro do menino da lágrima, nunca se comoveram com um poema e pensam que o interesse do bailado está nas pernas das bailarinas.
Mas aqueles que verdadeiramente me assustam são os revelam indiferença perante a música. A música faz um caminho tão direto para o espírito que, de todas as artes, é aquela que menos necessita de educação.
Foi por isso que, desconfiada do meu cão, decidi testá-lo. 
Fiquei verdadeiramente aliviada por perceber que é menos bárbaro do que alguns humanos que conheço. Por exemplo, o mio bambino caro do Puccini, adormece-o em vinte segundos cronometrados. 
Mas só se for cantado pela Callas.


a água que bebemos


Quando me pediram que o justificasse e eu não quis mentir, só me ocorreu fundamentá-lo numa adolescência emocional tardia. Depois percebi que isso é o mesmo que dizer que tudo não passou de uma inútil tontice. O que, sendo verdade, não deixa de ser triste. 
Mesmo aqueles que não gostam do amor, merecem viver na ilusão de que o mistério está mais nas potencialidades do outro do que nas limitações do próprio.
É, talvez, a diferença entre uma nascente e um charco.

segunda-feira, 4 de março de 2013

five months to go


As razões pelas quais não escrevo sobre a minha nova terra:
1. Isto não é uma terra, é uma estância balnear.
2. Este ano não me deram um povo, deram-me os clientes da tal estância balnear.
3. Cheguei em setembro e ainda não desfiz as malas.
A itinerância ensinou-me o desapego.

partidas

A porta por onde se vai em dobro, aquilo que só me chega pela metade.