Quando se nasceu dotado de ecovisao, com vista privilegiada para dentro de a alma de alguém, o mais nobre gesto de amor que se pode fazer consiste na permanente recusa da utilização dos poderes extraordinários para devassa da alma do ser amado. Por este motivo, todas as manhas, Blimunda neutralizava os seus poderes, ingerindo o pedaço de pão que lhe punha fim ao jejum e a impedia de fiscalizar as vísceras do seu amor. Só depois olhava para ele.
A neutralização do poder de Blimunda era o grande poder de Baltazar.
Para não ver tudo, Blimunda confiou o suficiente para abdicar de ver o que quer fosse.
Claro que, mais uma vez, eram outros os tempos.
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