Enrolavam écharpes a la Yasser Arafat à volta do pescoço, usavam uma invariável barba mal semeada, os jeans eram Levi´s 501 (com a desculpa que não simbolizavam capitalismo porque historicamente eram o traje dos trabalhadores fabris), e as t-shirts, pretas, de algodão manhoso. Rematavam com um livro debaixo do braço onde quer que estivessem.
Só bebiam cerveja sagres ou vodka pura e, por insondáveis razões, nunca tinham carta, quanto mais carro.
Eram os rapazes de esquerda. Tão facilmente identificáveis como se andassem com um exemplar do Avante, em forma de néon, sobre as suas cabeças.
Os rapazes de esquerda são um sintoma enervante do aumento da complexidade social.
Descobriram as gillettes, continuam a usar t-shirts pretas mas compram-nas na Calvin Klein, são fanáticos por gadgets e lêm os livros no I-Pad. Renderam-se ao automobilismo, embora continuem a preferir supostos veículos ecológicos.
Quando as écharpes foram adoptadas pelos outros enfiaram as deles na gaveta.
Ainda têm a nostalgia da vodka mas aprenderam a apreciar vinhos tintos.
Assim, disfarçados, até o espírito mais atento corre o risco de não suspeitar de rigorosamente nada. Até ao momento, claro, em que ele pergunta se queremos ir ao cinema King ver um filme.
Devia ser proibido!
Só bebiam cerveja sagres ou vodka pura e, por insondáveis razões, nunca tinham carta, quanto mais carro.
Eram os rapazes de esquerda. Tão facilmente identificáveis como se andassem com um exemplar do Avante, em forma de néon, sobre as suas cabeças.
Os rapazes de esquerda são um sintoma enervante do aumento da complexidade social.
Descobriram as gillettes, continuam a usar t-shirts pretas mas compram-nas na Calvin Klein, são fanáticos por gadgets e lêm os livros no I-Pad. Renderam-se ao automobilismo, embora continuem a preferir supostos veículos ecológicos.
Quando as écharpes foram adoptadas pelos outros enfiaram as deles na gaveta.
Ainda têm a nostalgia da vodka mas aprenderam a apreciar vinhos tintos.
Assim, disfarçados, até o espírito mais atento corre o risco de não suspeitar de rigorosamente nada. Até ao momento, claro, em que ele pergunta se queremos ir ao cinema King ver um filme.
Devia ser proibido!
Ui, mas ainda fazem cada estrago...
ResponderEliminarSaudades do Quarteto. Aprecio a coragem de quem louva as virtudes da pipoca.
ResponderEliminarExcelente texto, apesar de deixar verter algum complexo Vuitton. Cada qual com as suas idiossincrasias...
essa esquerda é um circuito... empurram-se uns aos outros, dilacerados por uma ferida que eles acreditam lhes ter sido aberta por sartre, que destila um rancor que proclamam entender, o que não deixa de ser extraordinário, porque nada se entende (porque para se ser filósofo, não basta alinhar como sartre uma série de basófias maxistas - para basófias, já bastava o próprio marx!) e predispõem-se às injustiças do mundo com uma falsidade cínica, uma militância tão interessada quanto devoradora, acreditando eles que tais razões patéticas (a que acrescerão uns livros mais de negri, focault ou ramonet) os transforma em seres particularmente iluminados, cigarras cosmopolitas, a quem todos os vulgares mortais prestarão vassalagem. Não há seres que emprestem maior idolatria ao dinheiro quanto estes e venderiam a própria mãe para escapar à condição de para sempre clamar pela solidariedade e justiça social...
ResponderEliminarO que os move é a inveja!
noodles@ A pipoca é aterradora, é. E um touché relativamente ao complexo vuitton.
ResponderEliminarFritz, há que começar sempre por lhes perguntar de onde vem o dinheiro. Os mais puristas, geralmente, só não vendem a alma ao capitalismo porque os pais ou os avós já o fizeram antes.
ResponderEliminarEu gosto da parte da "endoutrinação". Faz-me sentir bem pensar que alguém ainda tem esperança em mim.
noodles, curiosamente é o meu filme preferido.
ResponderEliminarIdem.
ResponderEliminarO pior é que agora, as almas mais desatentas nem sequer dão por eles... Andam bem disfarçados demais, com as coisas que eu não consigo ter, pagos pelo peculio dos avós !?
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